Imagine a seguinte situação. Você trabalha em uma empresa de games e pretende fazer um remake de um jogo. Um game que teve o seu devido sucesso no passado, mas que hoje pode parecer desnecessário.
Na mesa de reunião, o brainstorm corre solto, com ideias aqui e acolá. A única certeza que existe, entre todos, é de que título receberia uma melhoria gráfica considerável. Ao se criar remakes, eles podem ser um verdadeiro tiro no pé, pois a indústria e os jogos evoluem muito rapidamente. Sem contar alguns fatores importantes, como as referências e os consoles da atualidade.
A WayForward resolveu se aventurar nessa história e lançou Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp, no Nintendo Switch. O projeto é um remake de seus antecessores, que foram lançados no Game Boy Advance.
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Vale destacar também que o lançamento do jogo era para ter acontecido em abril de 2022, mas foi adiado pela Nintendo devido ao conflito entre russos e ucranianos, que perdura até hoje. No entanto, com o jogo encostado por um ano, a empresa acabou liberando o título no mercado em 2023.
Advance Wars bebe da fonte de jogos de estratégia por turnos dentro de um grid system. Re-Boot Cam chega com a mesma premissa, com uma inteligência artificial inconsistente e gráficos bonitos. Poderia definir aqui o review do novo jogo, mas não é apenas isso. É possível filosofar sobre o assunto e entender de forma mais complexa a chegada deste título é boa ou ruim.
O que o jogo oferece?
Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp possui dois modos de campanha. Eles remetem aos dois primeiros jogos da franquia. O modo não é tão difícil, pois serve mais como campo introdutório da verdadeira cereja do bolo, que falaremos mais adiante.
O jogador comanda Andy, que possui a mais alta patente no Exército Orange Star. Logo de cara, é necessário evitar com que o inimigo tome conta de uma região que você defende.
Com sua característica única, preservado desde o primeiro título, Andy e sua tropa trazem uma pitada de humor e comédia ao longo da aventura, traduzidos no estilo artístico do jogo.
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Ao longo das missões, você precisa conquistar territórios e, para isso, posicionar sua tropa da melhor forma possível no grid system presente no mapa de batalha. Fique atento ao combustível, pois ele possui uma importância gigantesca durante o combate.
Vale destacar que cada cenário possui suas particularidades, tendo como objetivo batalhar nas três diversas frentes: terra, mar e ar. Cada uma de suas unidades de batalha percorre o mapa de forma diferente e tudo deve ser muito bem pensado.
Durante a aventura, não deixe de lado o trabalho feito pelos Comandantes Operacionais, disponível na War Room. Este modo de jogo é mais estratégico e complexo, onde o jogador sai com uma certa desvantagem frente ao inimigo. Eles são fundamentais para diversificar cada um de seus combates. Possuem também habilidades únicas e que interferem diretamente no resultado de uma batalha.
Pra que serve um remake?
Com relação às mecânicas, se você jogou os antecessores no Game Boy Advance, não encontrará novidades. E aqui entra novamente a pergunta: era necessário um remake?
Era óbvio que Re-Boot Camp seria mais bonito que seu antecessor. Não só pela diferença de idade entre os games, mas principalmente devido a capacidade gráfica do Nintendo Switch perante aos outros hardwares da gigante japonesa.
Sabemos que o Nintendo Switch está longe de bater de frente com os principais consoles e muito atrás dos grandes PCs, mas está muito à frente do Game Boy Advance. E posso dizer que o trabalho foi muito bem feito.
Assim como a versão original, o game traz combates por turnosFonte:
Porém, é importante dizer que a proposta é diferente do que encontramos em outros jogos de estratégia por turnos, como Fire Emblem, que faz sucesso no Switch. Afinal, o era mesmo necessário ressuscitar a franquia ou o projeto é apenas um lançamento para cumprir tabela enquanto o novo Zelda não chega?
Mais do mesmo?
Por mais que o jogador tenha à sua disposição dois modos de campanha, eles são simples e tornam-se repetitivos com o passar do tempo. E o jogador ficará mais irritado ainda com a Inteligência Artificial presente no jogo.
O estado da IA é um ponto que poderia (e deveria) ser melhorado em um remake, mas aparentemente não evoluiu desde o longínquo tempo do Game Boy Advance. No decorrer do gameplay, o jogo acaba ficando muito tranquilo, porque é fácil perceber as movimentações dos inimigos.
Outro ponto muito criticado na versão original eram as animações, que deixavam o jogo arrastado e repetitivo. Não temos grandes evoluções nesse quesito, mas a produtora colocou uma opção para pulá-las e proporcionar um gameplay mais “limpo”.
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E o que se destaca?
Se você é realmente um fã da série Advance Wars, os pontos acima não vão chamar a sua atenção, devido a todos os pontos explicados. Os gráficos seguem o tom cartunesco encontrado nos jogos clássicos e a trilha sonora impacta da mesma forma que o seus sucessores.
No entanto, o que realmente faz a diferença é o modo multiplayer, que pode ser jogado de forma local ou online. Como disse anteriormente, a IA deixa muito a desejar, mesmo no modo campanha, mas a possibilidade de se divertir contra outra pessoa dá significado ao gameplay e aos cenários, garantindo uma infinidade de variações estratégicas.
Os cenários, inclusive, também podem ser criados por meio do Design Room. Este é outro ponto interessantíssimo para os fãs. Fiquei algumas horas criando alguns locais de combate, o que ajuda a dar um fator replay ainda maior para a aventura.
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Vale a pena?
Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp traz ingredientes que marcaram época no Game Boy Advance e algumas inovações. Confesso que fiquei chateado com o fato de não termos uma melhora na inteligência artificial, já que ela impacta diretamente no gameplay.
Por mais que jogar online e criar mapas seja algo interessante, eles não dão uma roupagem diversificada para o game, o que me deixa ainda com o questionamento: para que serve um remake?
Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp foi enviado pela Nintendo para a realização deste review.